– Beleza. Esse aí não tá com cara de quem vai sair daí tão cedo...
[encostam]
– Eu sempre gostei dessas banheiras. Quando eu era criança, sonhava com um Galaxie.
– É simpático. Mas eu prefiro um troço menor... Vem cá, você acha realmente que vai acontecer? Porque, se não achasse. não haveria motivo pra esperar seus quatro anos...
– Por outro lado, se eu tivesse certeza de que aconteceria, não pensaria em prazo nenhum; esperava logo a vida toda de sorriso no rosto. Que nem aquele cara do livro que você falou.
– Sim, mas você acha que vai acontecer ou não?
– Cara, no momento tô mais é achando que não... Só que eu ainda tenho que perder o medo de ir; no fundo, deve ser isso.
– Pelo menos você sabe... É um começo.
– E você?
– Não tinha pensado em nada. Mas agora que a gente tá conversando... que você falou em determinar um tempo... acho que é uma... Não sei é se quatro anos bastam pra me livrar do meu medo.
– Ne verdade acho que medo não passa; a gente é que se acostuma com ele... Quer dizer, depois de um tempo você percebe que tá com medo do medo... Aí não faz sentido.
– Tem razão.
– Além do quê, eu descobri que tenho mais medo de não querer mais que aconteça do que de não acontecer, entende? E acaba que todo mundo uma hora desiste... chega um momento que não precisa mais acontecer... Isso é que eu não quero.