Eu sou um pouco pior. Estranho falar assim, né?, eu sou um pouco pior. Mas sou. Pois há também aqueles que não conseguem escutar a si em meio à vida, esse um ruidozinho já tão abafado... Talvez por fazerem até menos barulho que ela – mas, por pior que seja o som que se produza, temos que nos escutar, ainda que muito baixinho, lá no fundo, pra sabermos que existimos, que estamos aqui; talvez por não divisarem no tal estardalhaço dos outros, o próprio borburinho... E essa é precisamente a pior opcão – quem sabe, por isso, a verdadeira: é preciso mesmo considerar a frase que inicia o texto –, porque então, mesmo não se ouvindo, continua-se a escutar os outros; isso pode acabar sendo ensurdecedor. Como disse o outro francês lá, o inferno são os outros. Há que se tomar muito cuidado pra não pensar que o barulho dos homens é o barulho da vida passando... Nesse caso, eu acho que é melhor ser surdo.
Outro dia, numa dessas tantas fases valium da minha vida recente, postei algo como " Não consigo dormir. Talvez seja o barulho ensurdecedor da vida passando". O sono eu já perdi mesmo – e aliás, hoje de novo; eu só espero não ter estado enganado quanto à natureza do motivo...
Bom seria fazer que nem criança: lá-lá-lá, não tô ouvindo nada!, os dedos indicadores enterrados nos ouvidos e o coracão leve... e o sono; ah, o sono... Deve ser por isso que dizem: de criança.