Falei assim: o namorado da minha prima projetou isso aí – e apontei o canteiro da obras. Ah...: foi o que ouvi de volta. Mas o projeto dela ficou em segundo lugar – foi inclusive no concurso que eles se conheceram.
– Sua prima também É arquiteta?
– É.
Que diabos. Por um momento fiquei com medo que ele me perguntasse também, mas não, ele é meu amigo, não tem por que me perguntar isso: já tem uma idéia do que eu sou. Não real, mas ao menos uma imagem que ele construiu e sobre a qual nada mais há a ser perguntado. Às vezes eu gostaria que houvesse; noutras isso me é muito conforme. Confortável. Como nesse dia.
Mas e se alguém chegasse e perguntasse:
– Você É o que?
Que que eu ia dizer?
Porra, não faço a menor.
Isso tem me afligido sobremaneira. Vale "um oco"?
Hoje a professora de francês perguntou algo como "o que você quer ser quando crescer?". Eu sabia que era só pra treinar o tal tempo verbal que ela passava na aula – e eu até me forcei –, mas não consegui responder senão "Não sei". E isso sem graça pra cacete.
Foda é que já cresci e ainda não descobri a resposta pra isso. O que eu sei é que 'astronauta' não vale mais.
'Grande' continua me parecendo a melhor opção, mas isso eu também já sei que não vai dar.
SER é um troço muito complicado. Essa brincadeira de 'sou gente' já tá me dando no saco.
Eu nem descobri ainda o que eu faço pra deixar de me achar ridículo.