Fui assistir o filme novo do Clint Eastwood. Foda. Saí com um nó na garganta. Acho que, no final, através de uma ilustração tendo por base o romance policial de David Lehane - sim, porque o filme vai além de só contar o livro; cria analogias, critica: ilustra -, o que fica é um sentimento de impotência diante do absurdo de tudo e a compreensão cristalina das observações nada maniqueístas sobre os EUA.
Mas, de maneira semelhante à com que sempre falamos a mesma coisa de formas de diferentes, acho que o nos chama atenção em cada obra de arte é o que nela enxergamos de nós mesmos; assim, ainda com toda essa discussão sobre a arbitrariedade e a força norte-americanas, o que me marcou foi o desterro da personagem Dave. A inadequação. Uma crônica de uma morte anunciada, sabe?
Não pude deixar de pensar em outros trabalhos de Clint - Os imperdoáveis, Um mundo perfeito - e em como certas personagens carecem de um lugar no mundo. Eu sei que a temática tá é na minha visão e que é assim que ela se sobrepõe a todo o mais que esses filmes nos dão, contudo, o fato é: não há lugar pra essas pessoas na ordem das coisas. Cedo ou tarde, isso acaba aparecendo. E aí, cabe, ao mundo ou a elas mesmas, tomar uma providência.
Eu entendo.
No fim das contas, é mesmo tudo como em Trinta anos essa noite.