Bem de perto no espelho. No rosto, uma brotoeja. Unha: e sangra. Cresce, uma flor, uma bolha escarlate: rebenta e escorre. :Ontem, ela, imediatamente. Boca. Carne por natureza. Por conceito. Função e merecimento. Boca. Por natureza, lúbrica, a minha; lasciva, aquela, dela. Como aquela, aquela-única. Vejo, penso: feita pra minha, lúbricaboca, por função. E merecimento: tão ávida pois: minha-única, só. Sua provocação pra minha lubricidade, sua carne pra minha. Função e merecimento. Hoje, sangue rosto; o cantolho alcança – acidente? – meu ombro, no espelho. Viro. É seco, mas sangue: unha. Sua. Suas, todas: as costas riscadas em carne. Acidente? Mérito. De ontem: outro banheiro. Fora, muito barulho. Ela entra. ,Eu. – Sai. – Não. E não saio. Minha, vim buscar. Sem palavras. A palavra não serve à carne. Nem a carne à. A carne não tem palavra. Sangue e vontade, sim. Força. A carne não fala: bate, cola, choca-se contra a carne alheia, umacoisasó. E sua. Eu transpiro o suor dela, o meu, o mesmo. E sempre aquela boca: a expressão da carne, a forma bruta, síntese. A sublimação. Beijo não: meu tempo se consumindo, vida que vai, combustada, ali. Tempo por calor, bom negócio. Aí eu dentro dela. O cheiro dela; nela, em mim, no banheiro todo. Carne não fala: embate. Desafia o outro corpo, a si mesma, mas tudoumacoisasó. Bate na parede, eu bato; o suor que das suas costas sua os azulejos, escorre também no barulho do corpo contra a cerâmica. Carne é um troço que esquenta, secreta, umedece, cheira e quer: função. E prêmio. Ela goza e morde fundo ombro, arranha, faz ceder a pele. Guarda nas unhas um pouco de mim. Estremece e me aperta. Então, nem peço, se desprende de mim; pro chão. Eu:. Porra. Nela. Boca. A obra máxima da carne: delaboca. Resposta. Bôca. BÔca, assim.
BÔ-ca – quando termino de falar, um lábio não encontra o outro, palavra que não acaba, idéia que não fecha.