Uma vez ouvi, num filme qualquer, um sujeito dizer que música boa pra levá-as-mina-pra-cama era o Coltrane. Uma coisa que me incomoda – aqui não resisti à vontade de ser chato, perdão – é que é mesmo facil gostar de grande parte da obra dele. Qualquer menina de 15 anos pode, numa tentativa malandra do namoradinho dois anos mais velho pra traçá-la, este tendo achado na discoteca do pai um Ballads esquecido e planejado a noite romântica, descobrir Coltrane. E gostar. Achar que até que o mundo é mais simples que ela supunha, ela e o rapazola, e enquanto as mãos dele vão desastradamente e num roteiro óbvio procurando a única coisa que poderiam encontar, pensar que afinal ela gosta de Jazz, nada tão difícil assim. Sei lá, deve ser, um retoque aqui ou acolá, mais ou menos comum entre os 6 bilhões de humanos no planeta. É, é justo. E, na aula, a professora e o Drummond mostram que a poesia também não é tão distante assim.
Coisas assim, comuns.
Mas e o fim da carreira do Coltrane?
E Tarde de maio?
Deixo pra vocês o resto da história.
[parecia uma cena romântica, não? agradeço ao Van der Weyden pela ilustração do que eu dizia. o quadro, A Decapitação de são João Batista, foi escolhido ao acaso.]