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4.5.04
TÍTULO AQUI
Uma casa
é sempre muitos fantasmas
que prefereriam poder se esbarrar
no corredor
os mortos, não-nascidos, os evitados
os ventres largos dos
esquecidos
a magreza
angulosa e agressiva
dos odiados
os gritos surdos
dos vivos.
Falam, todos
caminhando pela casa
não se enxergam
sequer sabem
uns dos outros
ocupados em evitar os próprios fantasmas
mas esses não se acumulam nos cantos
de paredes mal-caiadas
tacos soltos
só nos cantos
dos olhos.
Então os primeiros falam
na esperança
de que as próprias vozes
os façam palpáveis
ecoando nos cômodos vazios
pra si mesmos
em si mesmos
sua carência de provas.
E mantêm sempre
os fantasmas, uma distância
constante
mas nunca segura
uns
dos
outros.
O equilíbrio pouco
regular, equidistante
de quem se evita
e se busca
com a mesma força
– sempre muito pouca
e tanta.
De quem se evita
se buscando.
E eles comem
sempre
e bebem
por vezes, amam
e tudo lhes escapa
cada vez
vazando pelo estômago espectral
intangível
de fantasma;
a comida vai alimentar as baratas
a bebida, as pegadas
e o amor
mancha o piso.
Tudo transpassando
a bolsa de couro
que não se enche nunca
a bomba
que transborda de cansaço
e sujando
o chão da casa.
Devolutos
úmidos de vazio e concupiscêcnia
o dia arrumando as camas
e nunca sabem
por que
as portas batem.
posted by franciscoslade
1:23 AM
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