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Seu dinheiro de volta!
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9.11.04
–
É uma doença degenerativa.
E solidão é mais uma necessidade sua que um sintoma. Um indicativo, no máximo. Decorrência?
Não, decorrência é algo no fundo de retinas mais cansadas que o resto do corpo,
ainda mais que as palavras –
e isso, ah,
isso é muito difícil.
Chega uma hora em que não se quer mais nada.
Isso também é conseqüência.
Um problema, é verdade. Mas nunca o problema.
Nem excesso de sono, escassez de zelo orgulho certeza ordem fome,
o gosto por troços tristes e bobos, cores fechadas,
escalas menores, salões vazios.
Uma hora. Em que adoece o dia.
Todo dia. Todos, progressivamente.
Menos notas, mais pausas.
Mais suspira que respira.
A melodia é simples. Nem.
Simplória.
:Mas vergonha também é algo que vai, que deixa, parte.
(Nesse caso, em outras direções, diversas daquelas da biologia pura.)
Deixa. Deixa que amem e que sorriam.
Deixa quem não pode a quem de direito.
Que falem e, ainda mais, que digam –
o que sempre foi dito sempre precisará ser escutado.
Direito. É justo.
Sempre importante lembrar que o que se degenera é o homem;
a doença, essa continua inteira,
em sua história
paralela e sempre transversal.
Sem livro, sem foto, sem relato.
Lá fora, algumas crianças correm na tarde;
ouve os gritos:, ouve só como riem:.
É isso que precisa ficar, afinal.
Faz sentido.
Tristeza chamaram a um troço muito maior, que tomaram só por um ângulo, um pedaço,
e por falta de nome melhor.
De entendimento e de jeito.
Chega uma hora.
Não é mais preciso se explicar.
Um homem,
um dia,
se percebe
feito de areia.
Abre a janela do ônibus e põe a cabeça pra fora,
o corpo.
Se desmancha ao vento.
Deixa levar.
posted by franciscoslade
3:12 AM
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