Mais que tudo, eu queria ter ido. Mais ainda, eu devia. A idade da covardia se avizinha sem que eu saiba exatamente o que. Jogaria tudo pro alto, a comunicação, a "carreira de escritor" (com risos, por favor), família, trabalho, raizes, contatos, amigos, mulheres, idioma. Por que não consegui? O que me prendeu? Sinceramente, olhando pras peças que tenho nas mãos, não atino. Nem sei por que escrever isso. Tenho constantemente a impressão de que tudo se desmancha. Tudo, isso aqui – já devem ser menos de 3,62 –, uma casa minha, qualquer projeto, qualquer desejo, norte, minha vontade, meu corpo – de longe se vê, nem queira saber como se sente isso na carne (e aqui a expressão se faz apropriada como jamais) –, minha visão, eu. Muito cedo, tudo muito cedo. E isso é algo novo, embora decorrência, pr'alguém sempre tão atrasado quanto eu. En retard. Na verdade, retardado. Perco a pouca paixão que ainda. E é curioso, porque o que segura mesmo esse tipo de gente é paixão. Amor não. Muito: tudo acaba ficando plano. Mal compreendido. Principalmente pra mim. Nem sei por que falo isso. É o pior uso que eu poderia fazer dessas palavras – com as mesmas havia de construir qualquer coisa de melhor, mais. Mas, paixão, eu já disse.
Será covardia? Medo é claro – quem não? –, no entanto, até feria bem lidar com ele de outra forma.