(Tô cansado. Eu me pergunto quantas vezes já me ouvi dizer isso aí. Até você já deve ter ouvido. Mas, sim.)
Hoje reli minha caixa de e-mails e, quer saber?, que troço mais triste. Experimenta. Escrutinar 2 ou 3 anos da própria vida de forma tão lógica, tão organizada. Dá pra ouvir o tempo passando. E de novo. E de novo e de novo. Como se já não fosse suficientemente alto o barulho dele passando aqui do meu lado. Dentro de mim. Cada promessa, cada mentira, cada dor, mas sem o viço indispensável que faz de tudo isso verdade – sem expectativa. Logo adiante, os desfechos; tudo vira história, uma forma maculada de mitologia pessoal que conta com requintes de absurdo os passos do caminho até aqui. Dá pra ouvir. Tempo e passos. E cada pessoa que vai, também o som de suas andanças por mim, cada personagem que fica, presa sob o peso de cada next que o mouse resoluto aciona. Dá pra ouvir cada rosto, cada palavra, gritando é hoje!, é hoje! Mas não como promessa. Nem sequer ameaça; como lembrete de que é hoje e já não posso alcançar o que leio ali, nos dias em fila até ontem. Nem fechar uma porta que ficou aberta atrás de alguém. Nem abrir todas as que eu fechei. E eu sempre fecho, não é?
Ou qualquer coisa assim.
Mas é tudo sempre ficção. Mesmo que as palavras não sejam minhas. E mesmo se doerem.