Quando você se chamou Carlos, te disseram que não, não fizesse nada. Que esperasse, claro após escuro após claro, e tudo de novo.
E você esperou.
E entendeu que é sempre algo mais que fica, algo mais que porra, qualquer coisa que não volta. Mas pode isso continuar contigo? Ou será necessário mesmo que seja roubado?
Tudo, menos fácil. Você tentou dizer, eu sei. E eu mesmo não sei se entendi ou se te achei doente egoista. Burro.
Nessa espécie de esperança às avessas no tempo, âncora num ontem qualquer, uma – ainda mais impossível – cujas amarras se fortalecem à medida que outros ontens a levam pra longe.
Não, nunca te disseram, letra à letra, se o o que se vai levam ou se evapora. Talvez, talvez. Ou talvez a âncora.
Mas nunca foi muito o que você pediu. Provavemente menos do que. Um ou dois sorrisos, na rua, outro dia, pra si, lembrando, um ou dois numa vida inteira.
Você me contou que ter esperança no passado sufoca os dias e as horas que ainda esperam pra acontecer. Antimatéria da esperança: aos seus olhos, a narrativa evolui chata, previsível, cansativa.
Então você espera. Não precisa ver. Você não vai estar lá – nem vai saber. Mas, se só um ou dois numa vida, talvez você tenha , afinal, conseguido explicar
a espera sem fruto, os retalhos de carne dados, um ou outro olhar mais demorados.
Paciência, moço, paciência.
Eu também não acredito nessa virtude, mas, sossegue,