Ele passa a mão no meu rosto, enrola a língua perguntando. – Você tá triste? Não, eu digo que não. Eu ainda sou só o filho, é ele o exemplo. É não que eu devo responder. E o que eu quero, sempre. Eu sempre. Prendo. Nego. Até um gole qualquer a mais, num almoço qualquer, uma droga que entre tantas nem lembro mais, abrir um pouco a guarda de braços cansados – ah e como eu gosto, diabos, como eu gosto de errar! Podia dizer que de tanto ouvir, mas não, eu resolvo minhas coisas do lado de cá. Falta paciência. Fôlego. Mas como podia não estar? – Impressão sua. Ei, amigo, uma água.
Não, não é burrice. Espero. É inevitável. Talvez, se eu andasse mais rápido que ele. Tomasse pra mim o exemplo. Suas mãos tremem encharcadas de 12 anos, essas mesmas mãos e braços que flertiram milhares de doses, tremem ao se afastar do meu rosto. Nunca vou ter tanta barba. Não quanto ele.
Entendi naquele dia a diferença entre se suicidar e ser um suicida. Ah, e é muita. (– Segundo exemplo, o outro no braço oposto da família.)
Nada, nada; só texto pra variar. Vou pra casa. Agora é hora da minha dose; quer eu siga, quer eu guie, parece que é assim que devo ir. Depois de tantas palavras, tantas pra ela, parece que não acertei nenhuma. Ou que não soube dar nome a alguma coisa qualquer. No meio de tanta coisa, nada.
Beber é ruim, faz pensar assim. Ele deve saber melhor que eu. Preciso pensar muito. Que ela disse que eu sempre estrago tudo. É verdade.