O risco, se houver mesmo, esse eu queria poder explicar. Não te faltarão presentes, em mim. Não é isso; mas é que eu acho que eles são sem importância. E você me contou que pra mim eles são sem importância também, que por isso os dou e que se eu vir importância n o pouco que sei dar isso só faz de mim pior.
Disse. Mas isso foi você. Eu, de novo, admito que não sei explicar. Pensei em gravar suas palavras numa placa – logo embaixo de AVISO: – e pendurá-las do lado da porta.
Pra você ler se resolver entrar.
Mas, se vier, não tenha pudores. Aqui dentro, não peço (nem sei se admito) cuidado, educação.
Anda por onde quiser, não bate nas portas, cospe no chão. Destrói. Vandaliza. Conspurca.
Só não deixa as coisas intocadas, por favor.
Há já tanta gente que se tranca no templo de seus próprios corpos e convicções, tanta gente que vê como sagrado aquilo que não se pode construir sem macular.
Mas não, eu não sou um templo.
Perde os limites, as estribeiras, fica à vontade. Corre, fala alto, deixa aqui suas coisas. Se quiser, recusa meus presentes. Se não forem dignos, se você não puder aceitar.
Se sair e precisar, quem sabe?, até pode voltar. – Não sei se consigo barrar a entrada de quem já morou por aqui, de quem um dia deixei ficar.
Me ajuda a esgarçar meus conceitos, a alargar minha visão. Quebrar.