Entenda; sim, alcóol é um troço doce, quase simples – você sabe. A simplicidade é uma virtude perigosa.
Mas, por mais que, vem sempre o momento em que uma explosão de bile que se retém na barreira dos dentes, e depois é engolida, uma onda reticente,
definitiva,
azeda. E que soco poderia ser mais? Me inundo. Transbordo de mim mesmo. Perigo afogar.
Calo. (Senão caio. E mais, não.)
Me proponho o que de pior. Infelizmente, resisto. "Que construção é essa?". É hora de voltar pra casa. No banco da frente, alguém rói as unhas. Que esforço pra conter essa violência burra que, como sempre, me força o peito e as mãos. Preciso chegar logo. Não tenho mais tanto ferro pros socos, não tenho mais encanto no qual cair.
Menos, sempre menos – é essa a idéia. Não há que diminuir o talento dos outros – e o meu sempre foi destruir. Sou um sujeito bem cuidadoso.
(Fica longe das minhas mãos – eu ficaria, se pudesse.)
***
"Era um desses homens que falam desabridamente, estejam bêbados ou sóbrios, e na verdade dizem coisas ainda mais disparatadas quando estão sóbrios. Homens amargos e desiludidos, quase sempre, agindo como se nada mais pudesse surpreendê-los; no fundo, porém, totalmente sentimentais, mergulhando no álcool seu sistema emocional arranhado para não prorromperem em lágrimas em algum momento inesperado."