Do palhaço inchado que, parado no picadeiro, só espera.
Da mão na faca, dente que raspa no mármore – e é de noite, tão de nooooite, que ninguém vê. Nem a faca nem a bolinha vermelha (nariz de um outro palhaço menor e mais turvo) que ela trazia na ponta – e que me ficou na pele alva da barriga.
Ia até acenar pra bailarina triste em cima do burrico que insiste em pastar.
Pro monstro verde feio cruel que, do espetáculo, veio sentar do meu lado. Esse que destrói tudo e que baba ignóbil e que é vil e que é burro, mas a quem deram a chave da própria jaula.
Ia rir da mulher barbada. Do Homem Mais Cansado do Mundo. Daquele outro sujeito, espécie de reverso de Mídas, que espalhava câncer em não importa o que tocasse e que chorava de um jeito que ninguém ouvia e que se podia jurar que ria.
Se eu entendesse.
Podia até achar graça e assim deixar de ser a maior piada, de me divertir, mais do que com o espetáculo, com a minha própria cara.
E aplaudir, com o resto do povo, com o monstro e com o homem do amendoim.
Se.
E não.
Um número depois do outro, tudo muito complicado pra um sujeito simples que nem eu.
Ou será que é tão fácil quanto o que você me conta?
Como gran-finale, isso faria de tudo ainda mais engraçado.